domingo, 29 de julho de 2007

FETICHE


Sempre que em conversas com amigas a questão dos fetiches vêm á baila, juro que não são assim tantas as vezes, já sei que pensam que estou a mentir quando digo que não tenho vontade nenhuma de ir para a cama com duas mulheres.
Mas é a verdade, pelo menos com as duas ao mesmo tempo não tenho essa vontade. Pertencendo provavelmente à sempre desagradável minoria porque se as minorias fossem uma boa coisa não seriam minorias e por isso senti a necessidade de me justificar:
Nunca estive com duas mulheres ao mesmo tempo, nem isso está nos meus planos por três essenciais ordens de razões:
Se uma mulher já dá muito trabalho então duas fariam de mim um verdadeiro workaholic.
Porque sempre tive dificuldade em decorar nomes.
Por fim porque tenho a certeza que durante o acto a coisa iria dar para o torto, imaginem, se conseguirem…
A Vanessa gosta de ser insultada durante o acto, a Patrícia apesar de adorar menages têm aversão a asneiras “ eu avisei que não seria fácil este exercício mental”, será que eu ia retirar algum prazer ao ter sexo com elas, só de imaginar o que me poderia acontecer se em vez de chamar cabra à Vanessa, dirigisse este insulto à Patrícia?
Não é fácil estar tão concentrado, numa situação dessas.
E tratando-se de duas mulheres, o que aconteceria se eu desse mais 2 minutos de atenção á Patrícia do que à Vanessa?
Não nos esqueçamos que a minha situação é de risco, não estando vestido para matar podemos dizer que estou despido para morrer. E cheira-me que não deve ser uma morte nada agradável, apesar das circunstâncias que poderiam fazer supor o contrário.
E se a Patrícia que não gosta de asneiras, adora chicotes e a Vanessa que cresceu num circo a ver leões a ser domados, tem um trauma com os mesmos?
Se eu acertar na Vanessa sem querer quem se responsabiliza?
Além de concentração tenho de ter bastante pontaria.
Por isso minhas amigas…vão-me desculpar, mas se um dia me quiserem convidar para ir com duas de vocês ao mesmo tempo para a cama já sabem a resposta…
As vezes mesmo sendo homem, em matéria de sexo consigo pensar lucidamente e racionalmente:
- Vou com as duas, já que insistem mas depois lá dentro apenas me dedicarei á melhor de vocês.

AMIZADE


Foram duas as vezes que ao longo da minha vida ouvi a expressão “Somos amigos e é como um amigo que te vejo. Não quero confundir as coisas e estragar a nossa amizade.”.
A primeira vez que a ouvi foi há muitos anos, andava eu no secundário, e na minha inocência achei deveras nobre a atitude da catraia. Chamava-se Martinha e que linda me pareceu ela por tanto valor dar á nossa amizade…O.K.…se calhar não era inocente…era mesmo estúpido.
Bem a tentei convencer que a nossa amizade não sofreria abalos, nem sismos de elevada magnitude por darmos uns beijinhos, mas ela insistiu que se o fizéssemos tsunamis e dilúvios inundariam a nossa relação amigável.
Devia ter razão a Martinha…uma miúda tão bonita de certeza que nunca se enganaria.
Orgulhoso caminhava eu diariamente ao lado dela, a caminho da escola e no caminho de retorno para as respectivas casas. Nesta sã convivência semanal escutava as historietas de rapazes com que ela tanto namoriscava e com orgulho pensava em voz bastante baixa “Coitados…Não ganharam a amizade dela e por isso é que ela lhes dá tanta bola! Mal sabem os Don Juan´s que no fundo só são tão íntimos da Martinha porque não são verdadeiros amigos dela como eu.”.
Chegava a ter pena deles.
A nossa amizade não foi interrompida abruptamente mas pouco a pouco foi abastardada pela erosão das correntes da vida, de tal modo que hoje raramente nos encontramos e quando tal acontece é por mero efeito aleatório proporcionado pelo todo-poderoso.
De qualquer maneira, o meu lugar no céu deve estar guardado, porque evitei que um sentimento tão puro como a amizade entre duas pessoas fosse deturpado por parvos caprichos de um miúdo de 13 anos. Mesmo que tal abstenção não chegasse para reservar o meu cativo para a eternidade deve ter me dispensado de prestar provas de admissão se eu quisesse porventura seguir o curso de Teologia.
Cresci e até ao dia que o Déjà vécu (Uma das três modalidades de Déjà vu) me visitou 12 anos depois, fui tendo conhecimento que muitos amigos e amigas se confrontaram com o mesmo problema…A amizade estragava-lhes os planos com a pessoa de quem gostavam a outro nível.
A não ser que a Martinha fosse a primeira mulher a pisar a híbrida fronteira entre a amizade e o amor sem a querer transpor para a terra que faria o meu contentamento, todas as pessoas estudam pelo mesmo manual, um manual antiquíssimo passado de geração em geração, o manual da treta.
-A amizade é no fundo a maior “empata-quecas” que existe no universo. – Dizia me o inconsolável Ruben.
- É arriscado sermos amigos dos homens bonitos… - Confidenciava me a Sílvia.
- Só há uma coisa a fazer…borrada da grande, vou estragar a minha amizade com ela, fazer-lhe algo deveras mau para que ela não veja mais na nossa amizade um impedimento para irmos os dois juntos para a cama. – Propunha o Gonçalo antes de me perguntar quantos anos de cadeia apanharia por pegar fogo a uma casa.
Eu bem lhes tentava explicar que aquela era apenas uma desculpa, e que o que eles deveriam ler nos lábios da outra pessoa era:
-Não me atrais minimamente. Desculpa, mas não há nada em ti que se aproveite e nem por misericórdia por sermos amigos conseguia que se passasse algo entre nós.
Mas será que cabe na cabeça de alguém que uma pessoa vai deixar de andar com outra, de quem gosta e com quem entende que vai ser feliz porque “isso poderia pôr em risco a amizade”?
Então não é a verdadeira amizade que subsiste a tudo?
Deve é subsistir a tudo…que convém.
E quem foi o supra sumo da inteligência emocional que decidiu que o valor da amizade não deveria ceder perante o valor do amor?
Porque não ouço ninguém a dizer-me “ João, eu amo-te do fundo do coração, és tudo para mim, quero passar todos os instantes da minha vida contigo e ser feliz ao teu lado, mas por favor…não me peças a minha amizade…não consigo dar-te mais do que este amor e se fossemos amigos tenho a certeza que íamos estragar tudo.”?
Muitas mulheres depois, bastante inimigas como convém, e já com 25 anos volto a ouvir a mesma expressão…amigos sim…mais do que isso seria estupidez porque iríamos estragar tudo.
Outra Marta…
Mas dessa vez outra atitude…
A sabedoria popular, sempre tão útil quando precisamos de concluir uma brilhante argumentação com uma verdade que por ser tão cegamente transmitida se torna quase universal, deveria ter pensado este caso.
Assim se algum dia, uma mulher me voltar a dizer a já sobejamente conhecida passagem do manual da treta limitar-me-ia a dizer com ar triunfal:
-Minha querida, já diz o sábio povo que nestas coisas nunca se engana:
Amigos, amigos, ir para a cama contigo todas as noites á parte.

AMOR PERCENTUAL


Esta é a história de Rui e Sara.
Rui sentia uma grande amargura e um constante mal-estar por não conseguir corresponder por inteiro ao amor que Sara sentia por ele.
Ele bem se esforçava e prometia fazer tudo por tudo para que um dia gostasse tanto de Sara como ela gostava dele.
De realçar que Rui era um homem de palavra.
-Tens de ter calma…eu quero mesmo gostar de ti e um dia vou gostar a 100% assim como tu gostas de mim.
-Tenho medo que esse dia, nunca chegue…e se não chega? Terei que viver para sempre sem ser completamente correspondida?
- Já te disse que vou gostar de ti a 100% e é isso que vai acontecer.
-Mas quando?
-Uma semana…é esse o tempo que vai demorar para que eu goste de ti a 100%.
-Prometes Rui?
-Tens a minha palavra Sara.
Passou segunda-feira…terça-feira…quarta-feira…quinta-feira…sexta-feira…sábado…e como Rui ainda não gostava de Sara a 100% decidiu amputar o braço, que pelos cálculos dele corresponderia ao défice de 15 por cento, que faltava para que dentro dele o amor por Sara preenchesse a tão ambicionada centena percentual.
E viverem felizes para sempre…a 100%.

terça-feira, 24 de julho de 2007

MULHER DA MINHA VIDA


Depois de muito ter ponderado, vou ter que ser adulto e assumir aquilo que sinto por ti.
É no fundo a forma que arranjei de exprimir tudo o que fizeste por mim nos últimos tempos e todo o trabalho que de há um mês para cá tens tido para me conquistar.
Tu mereces mais do que qualquer outra que te diga isto, e espero que depois de o saberes não te descuides e continues o bom trabalho para que te possa continuar a dizer isto:
És a mulher da minha vida do mês.

TENTATIVA NUMERO 1 DE COMPREENDER AS MULHERES


Fernando amava Isabel.
Desde que a conheceu desejou tanto ficar com ela para sempre que fez de tudo para a conquistar:
No início inundava a casa dela de flores. Isabel protestava porque já não tinha vasos nem recipientes para colocar as belas rosas, orquídeas e margaridas que quase diariamente chegavam a sua casa.
A solução foi começar a depositar todas estas missivas do amor de Fernando num mesmo lugar, o contentor do lixo que ficava ao fundo da rua.
Inúmeros jantares ofereceu Fernando a Isabel, refeições nos sítios mais surpreendentes acompanhados sempre de palavras que deixariam muitas mulheres extasiadas, mas não Isabel que aproveitava estes encontros apenas para saborear os manjares dos Deuses que divinalmente degustava.
Fernando fazia o que fosse preciso para ver Isabel feliz, por isso nas primeiras férias grandes desde que a conheceu, decidiu oferecer – lhe a viagem de sonho dela na esperança de que a sua companhia fizesse daquela viagem, a viagem de sonho dele também.
Isabel agradeceu a oferta mas não se coibiu de convidar a melhor amiga a viajar com ela, ficando Fernando “em terra” a morrer de saudade da mulher dos seus sonhos.
Mas tanta atitude numa mulher só dava a Fernando mais vontade de conseguir o seu prémio e de ganhar o amor de Isabel, por isso decidiu comprar uma casa na mesma rua que ela para sentir que se aproximava cada vez mais.
Passado um mês Isabel recebeu uma proposta de trabalho em Africa e nem pensou duas vezes partindo sem dizer nada a Fernando. Desesperado partiu em busca da donzela, deixando toda a sua vida estável para tentar encontrar a estabilidade emocional ao lado da pessoa mais instável que conhecia.
Com uma fotografia de Isabel, passou dias e noites, na cidade para onde lhe disseram que ela partira a perguntar se alguém a tinha visto ou conhecia aquela beleza.
Com 43 graus não parou de a procurar e sempre que se sentia desfalecer olhava para a fotografia, qual miraculoso liquido revigorante.
Em África enquanto procurava sua amada, conheceu Madalena e porque o coração tem esta particularidade de surpreender os mais cépticos ficou apaixonado, relacionando-se com esta bela mulher que com ele veio para Portugal passando a partilhar com Fernando a sua casa.
Quando passado duas semanas Isabel voltou ao nosso pais, ao saber que Fernando namorava, não aguentou e com um tiro na cabeça matou-se, por achar que nunca conseguiria o amor do homem que sempre amara, Fernando.

domingo, 22 de julho de 2007

aMOR e MORte


Duas palavras indissociáveis.
A maioria de aMOR é em grande parte MORte.
A maioria de MORte é uma grande parte de aMOR.
De Amor e morTE sobra apenas um ATE.
Não é por acaso...
ATÉ que a morte vos separe.

AMO-ME


É mais forte do que eu...o amor que sinto por mim é algo de inexplicável. Não foi amor á primeira vista confesso: No inicio era-me completamente indiferente, acho que nem me apercebia que existia, pouco a pouco e porque o destino tem destas coisas, comecei a cruzar me comigo a todo o instante, mas mesmo assim estava mais preocupado em dar uns chutos numa bola do que em disponibilizar-me para iniciar o meu despertar para essas coisas do amor. A verdade é que não consigo dizer o dia, nem sequer o mês e temo que nem o ano que comecei a gostar tanto de mim...É uma falha imperdoável para alguém que gosta tanto como eu gosto? Sem dúvida. Mas que isso não ponha em causa este amor do tamanho do universo, porque havendo falta de uma data comemorativa celebro diariamente o dia em que despontou essa minha obsessão por mim.
Aquilo que me começou a chamar a atenção foram os olhares sempre correspondidos, parece que estou a exagerar, mas sempre que me vi nos olhos, estes retribuíram o olhar.
“Tem a mania...”, “convencido...”, pensem o que quiserem, provavelmente eu pensaria o mesmo.
Todas as minhas relações foram avante, muito graças á obra de amigos comuns, e apesar de desta vez não faltarem amigos comuns, arrisco a dizer inclusive que não tenho tantos amigos comuns com mais ninguém, a verdade é que me conheci sem ajudas.
Como eu já desconfiava notei desde o principio que a vontade de conhecer era reciproca e apesar do receio que temos sempre, “mesmo quando tal parece quase impossível” de o amor não seja correspondido a verdade é que não tinha ainda acabado de dizer boa noite e já me era retribuído o cumprimento quase na totalidade.
Que felicidade que senti...
Fazíamos tudo juntos, e quando digo tudo era mesmo tudo, por mais íntima que fosse a situação eu lá estava á acompanhar-me e sem ter nunca a vontade de estar mais sozinho.
Percebi que é isto que define um verdadeiro amor...querer estar a todo o tempo com a pessoa de quem gostamos, seja no verdejante campo onde o pólen esvoaça pelo matagal cuidado e sereno ao som de um qualquer tema de “Musica no coração”, seja na casa de banho, na mais intima das actividades. Eu estou sempre comigo e não vejo que a minha vida possa ser de outra maneira.
Temos gostos demasiado parecidos, o que por vezes constitui um problema mas pelo menos estamos constantemente de acordo: Apetece me ir ao cinema e vamos, apetece a um de nós ir ao teatro ninguém contesta, apetece-nos ficar a dormir até tarde não há quem nos acorde, é uma adorável sintonia.
Não digo que o amor entre nós seja constante, claro que sofre oscilações, tem dias em que não gosto do que vejo, dias em que tomo atitudes que não devo, arrependendo-me quase de seguida, mas ao contrario de muitos casais, eu perdoo-me sempre e nunca conseguirei acabar comigo nem deixar de dar uma segunda oportunidade, uma terceira, uma quarta, o que tiver de ser a mim mesmo.
Ás vezes aparecem pessoas que se metem na nossa relação e isso torna-nos ainda mais fortes pois quando isso acontece ainda gosto mais de mim. De facto é complicado explicar este amor que não apenas é condescendente com tal promiscuidade como esta ainda fortalece o nosso elo.
Confesso que nas mais loucas noites da minha vida, além de mim e do meu amor próprio estiveram mulheres de quem também gostamos e que nunca se importaram de partilhar a cama connosco.
Tive sempre a sorte de ter parceiras bastante liberais nesse campo.
Numa era em que todas as minorias reivindicam os seus direitos nós não abdicamos de lutar contra todas as discriminações que somos alvo. Os olhares reprovadores são uma constante e se no início foi complicado e nunca assumi esta relação, a vontade de gritar ao mundo o quanto me amo falou mais alto.
Casamento entre mim e eu próprio é o objectivo supremo, e só no dia em que for possível eu andar com duas alianças poderei dizer que venci esta batalha. Mais uma vez a igreja Católica não surpreendeu e demonstrou todo o seu conservadorismo ao negar a minha pretensão.
Argumentaram que tal cerimónia não passaria de um acto simulado de um casamento com cariz homossexual de um homem com ele próprio, pelo que continuarei a viver em união de facto comigo até as mentalidades mudarem.
Mesmo que nunca chegue a consumar o meu casamento, oficializando toda esta paixão tenho a certeza que a minha vida termina no dia em que eu morrer, pois não conseguirei andar por este mundo sem mim, tamanho é o amor que sinto.

O ROSTO DO BLOG


Todos os Blogs deveriam ter um rosto.Deveria ser obrigatório por lei.Blogs anónimos são sinonimo de cobardia, de falta de carácter e de um medo de represálias condizente com o período que antecedeu a revolução do nosso contentamento e que se retomou em 12 de Março de 2005 com a eleição de José Sócrates.Parafraseando o brilhante advogado Americano Clarence Darrow, "A história repete-se,esta é das coisas erradas com ela.".
Este é o rosto...O rosto que o Primeiro Ministro poderá processar por difamação.O rosto que poderia ser o de Jude Law ou de George Clooney, mas que para grande descontentamento das massas é o meu.O rosto que muitas pessoas gostam e muitas outras não.O rosto da vitória porque na hora da derrota ninguém se atreve a tirar-me fotografias.O rosto da mudança porque há dez anos eu era bem diferente.O rosto da polémica porque nada no mundo é consensual.O rosto que levou três pontos junto ao lábio como resultado de um choque contra uma mesa enquanto dançava o grande êxito "Eu vi um sapo" quando tinha dois anos de idade.O rosto que consegue ficar bem uma vez em cada cem fotos que lhe tiram,se bem que uma vez ficou bem duas vezes em trinta, mas infelizmente só nos podemos mascarar no Carnaval.O rosto da alegria quando o Porto ganha um jogo e o rosto da tristeza quando Portugal não vence.O rosto que Deus me deu e que quando pensei em devolver já não estava na garantia.O rosto do João e a partir de hoje também o rosto do blog "Sentido de Hamor".